Introdução
Estar em conformidade com as leis, normas e padrões éticos é de suma importância para o desenvolvimento e crescimento das empresas. Por isso, o Compliance está cada vez mais presente nas rotinas de trabalho e na estrutura organizacional dos empreendimentos. Essa palavra estrangeira já entrou para o vocabulário dos negócios e do mundo jurídico e financeiro. Mas, afinal, o que é Compliance e como ele pode ser implantado em uma organização? Neste artigo, vamos te explicar o significado desse termo, para que ele serve e qual sua importância nas empresas. Selecionamos também as principais dicas para você implementar um programa de compliance eficiente na sua organização. Confira!Para começar, saiba quando essa atividade surgiu
Nos Estados Unidos, o compliance surgiu no ramo financeiro para evitar casos de corrupção envolvendo empresas e o governo americano. Ele deu seus primeiros sinais da década de 50 e 60, com a contratação de advogados e compliance officers em algumas empresas, para criar procedimentos de controle interno. É na década de 70, porém, que o compliance realmente ganhou força com a criação da Lei sobre Práticas de Corrupção no Exterior, ou Foreign Corrupt Practices Act (FCPA). Após os escândalos de corrupção de Watergate e Lockheed Corporation, os Estados Unidos criaram por lei uma série de punições rigorosas para organizações americanas que pagassem suborno a representantes de governos estrangeiros. Em 1988, o país também criou o Acordo de Capital da Basileia, que estabeleceu recomendações de Compliance para as empresas financeiras, responsabilizando a Alta Administração pelo gerenciamento de crises de compliance. No Brasil, essa prática começou a ser adotada na década de 90, com a abertura do mercado nacional a empresas estrangeiras. E em 2013, o Compliance se mostrou ainda mais necessário nas empresas brasileiras com a sanção da Lei Anticorrupção.Sobre Compliance
O que é
Compliance significa estar em conformidade com as leis, regulamentos internos e externos, normas éticas e padrões de qualidade. O termo vem da palavra inglesa “comply”, que significa “cumprir”, “satisfazer”, “estar de acordo com”. Inicialmente vinculado ao controle jurídico e ao combate à corrupção, o Compliance tem ampliado seu alcance para buscar excelência em diversos aspectos dentro da instituição, como administração, comunicação, ética, relações humanas e Marketing.Funções
As funções do Compliance são evitar e corrigir casos de corrupção, falhas operacionais, ruídos de comunicação, descontrole financeiro, processos judiciais, reclamações do público e outros problemas que podem desgastar a imagem institucional de uma empresa e afetar a qualidade do seu serviço ou produto.Objetivos
Os objetivos do Compliance são:- Criar procedimentos de controle interno para evitar e corrigir problemas administrativos, comunicacionais, financeiros, judiciais e éticos
- Criar um código de conduta interno
- Mapear possíveis riscos de crise institucional e monitorar constantemente a concretização ou não desses riscos
- Promover transparência na instituição
- Criar uma cultura corporativa anticorrupção e ética
- Zelar pela imagem institucional, tanto em relação ao público interno quanto externo
- Otimizar constantemente a qualidade do serviço ou produto, estando atento a falhas e possíveis melhorias
- Desencorajar e punir administrativamente práticas antiéticas e imorais
- Tornar os relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho mais respeitosos e amigáveis
Benefícios
A curto, médio e longo prazo, a implementação de um programa de compliance traz vários benefícios para a empresa. Vejamos alguns:- Correção e prevenção de problemas
- Maior credibilidade
- Melhoria na qualidade dos serviços
- Vantagem competitiva
- Cultura organizacional
- Aumento da governança
- Mais investidores e investimentos
Como implantar o compliance nas empresas?
Agora que você viu a importância do compliance para a integridade das corporações, bem como as especializações desse programa, você deve estar se perguntando como implantar o compliance na sua empresa. Dependendo do tamanho da empresa, será necessário instalar um departamento de compliance ou contratar um profissional especialista nesta área, para focar exclusivamente na aplicação de um programa de compliance e dar treinamentos para todos os profissionais. Há também empresas que prestam consultoria e fazem auditoria de compliance para outras organizações. Independentemente da forma escolhida para dar o pontapé inicial, sua empresa deve internalizar os princípios e processos de compliance no dia a dia. Vamos dar algumas dicas práticas de Compliance para sua empresa nos próximos tópicos. Mas antes, vale a pena explicar quais profissionais atuam nessa área.Quais profissionais atuam nessa área?
Compliance Officer
O Compliance Officer, ou diretor de Compliance, é o profissional responsável pelo monitoramento de riscos e acompanhamento de todos os procedimentos de uma empresa para garantir que eles estejam de acordo com as leis, normas éticas e regulamentos internos e externos. Ele tem conhecimentos profundos da área jurídica, financeira e administrativa. Geralmente, esse profissional atua à frente de um departamento de Compliance e está em constante colaboração com a alta administração da empresa. A formação mais comum desse profissional é graduação em Direito, Administração, Contabilidade ou Economia, com uma pós-graduação em Compliance. No entanto, como essa não é uma profissão regulamentada no Brasil, não há uma graduação obrigatória.Advogado de Compliance
Já o advogado de Compliance é o advogado que se especializou em Compliance e adquiriu conhecimentos extrajurídicos, como contábeis, administrativos, comunicacionais e de relações humanas, para atuar dentro das empresas e garantir sua adequação às leis, normas éticas e regulamentos internos e externos. A vantagem do advogado de Compliance é seu conhecimento aprofundado em questões jurídicas, que compõem grande parte dos riscos monitorados e condutas a serem adotados por uma empresa íntegra. Esse profissional pode ser contratado por uma organização como gerente jurídico ou gerente de compliance ou prestar serviços terceirizados de consultoria e auditoria.Dicas de Compliance para sua empresa
Agora vamos dar algumas dicas práticas de Compliance para sua empresa não ter problemas e sair na frente da concorrência:Crie um código de ética e conduta
Para nortear as ações de todos os funcionários, fornecedores e clientes da empresa, é necessário criar um código de ética e conduta que faça sentido para a realidade da organização. Esse código deve ser construído de forma prática e em linguagem acessível, para que ele seja facilmente seguido por todos os agentes internos e externos. O documento deve conter os valores da empresa, quais condutas devem ser seguidas e quais atitudes são proibidas na empresa, além das penalidades aplicáveis.Faça o mapeamento de riscos
Uma das principais tarefas do departamento de Compliance é o mapeamento dos riscos de desvio de conduta e irregularidades (legais, financeiras e administrativas). Após a realização desse levantamento, é possível identificar quais áreas da empresa exigem maior atenção e monitoramento, e quais medidas devem ser adotadas para evitar futuros problemas.Esteja atento às mudanças na legislação tributária
A legislação tributária está em constante mudança e, para não correr o risco de violar nenhuma lei, é importante ter no departamento tributário da sua empresa profissionais antenados a essas atualizações. O time de compliance será um valioso apoiador dessa força-tarefa.Automatize as tarefas
Algumas tarefas de Compliance, como detecção de riscos, análise de documentos e avaliação de reputação e crédito no mercado, podem ser automatizadas com Big Data Analytics e Machine Learning. Existem vários softwares que realizam essas tarefas automaticamente e ajudam o comitê ou departamento de compliance a executarem um trabalho mais ágil e eficiente.Tenha um sistema de gestão
Para controlar as diversas atividades de uma empresa, é preciso criar um sistema de gestão, ou seja, padronizar o andamento dos processos e as metodologias dentro da organização. Estabelecer um conjunto de diretrizes para todos os processos da corporação vai facilitar o monitoramento e criar uma sinergia entre todos os departamentos.Crie um canal de denúncias anônimas
A existência de um canal de comunicação aberto à população, funcionários e fornecedores para o recebimento de denúncias anônimas vai coibir a prática de atos ilícitos, imorais e antiéticos dentro da empresa. Além disso, esse instrumento será útil para identificar e corrigir desvios de conduta. No entanto, é necessário investigar as denúncias e dar retorno aos denunciantes para que o canal não caia em descrédito. Se não, o efeito gerado será justamente o oposto do efeito desejado: mostrar seriedade e comprometimento.Envolva todos os colaboradores
Não basta criar um comitê ou departamento de Compliance se ele atuar isoladamente na empresa. Esse time precisa treinar todos os outros colaboradores, e até mesmo alguns fornecedores, para internalizar na empresa os princípios de Compliance. Sozinha, a equipe de Compliance não conseguirá fazer a organização se adequar a todas as leis, normas, regulamentos técnicos e padrões de ética e qualidade. Esse é um trabalho conjunto! Invista em tecnologia O investimento em tecnologia vai automatizar tarefas repetitivas e dar mais tempo aos seus colaboradores para pensarem em estratégias de melhoria dos produtos e serviços, em conformidade com as leis e normas do seu negócio.Estrutura de um programa de compliance
Um programa de compliance é dividido, basicamente, em duas partes: diagnóstico e plano de ação. No primeiro momento, os profissionais devem levantar informações sobre a empresa, consultar seu histórico e mapear os riscos. Só depois disso é que o planejamento de ações preventivas e corretivas entra em cena. Na segunda parte do programa, será definido se a empresa vai contratar um profissional especializado em Compliance, montar um departamento específico ou contratar serviços terceirizados.- Diagnóstico (porte da empresa, estrutura da governança, mercado de atuação, estratégia comercial, mapeamento de riscos, nível de controle dos riscos e histórico de casos judiciais, administrativos e financeiros)
- Plano de ação (profissionais responsáveis, calendário de ações, prazo para solução de erros, orçamento disponível, treinamentos, auditorias internas ou externas e criação de código de ética e conduta)